quinta-feira, abril 28, 2005

Eu nunca fui grande coisa mas assim também não...

Vi, ontem numa reportagem de um telejornal qualquer, serem colocadas uma série de perguntas de matemática a alunos do ensino superior.
Estas perguntas de matemática iam desde o simples "Quanto é 24 + 36", sendo que o mais complexo a meu ver era talvez "Quanto é a raíz quadrada de 36". Pelo meio uma série de perguntas do género 6x6, 6x7, 9x8, etc.

Primeiro que alguém começasse a dar uma resposta certa foram precisos muitos serem interrogados e no início ainda se compreendeu (ou pelo menos choca menos) porque viu-se perfeitamente que estavam em frente às faculdades de letras e direito da Universidade de Lisboa. É menos escandaloso no sentido em que estes alunos, no mínimo, já não têm necessidades académicas na área da matemática há pelo menos 3 anos. Chocante, chocante foi quando os vi perguntarem a uma rapariga quanto era 8x6 em frente ao Instituto Técnico de Lisboa e a miúda sai-se com um discurso que mais parecia hiper preparado e premeditado: "Não sei e sinceramente não me parece importante saber responder no dia a dia a questões desse teor. Hoje em dia temos uma série de auxiliares a fazer contas tão simples como as da tabuada e parece-me haver coisas muito mais importantes e que merecem muito mais a nossa atenção do que saber uma simples tabuada." - Fiquei estupefacto.

Eu ter-lhe-ia perguntado: "Então e o abecedário, também não precisas de saber no dia a dia mas de certeza que o sabes, certo?". As pessoas acham que saber fazer contas, simples como estas, de cabeça é algo supérfluo às nossas necessidades mas a realidade é que não é. Eu nunca fui um aluno excepcional a cadeira nenhuma mas, PORRA, ainda me lembro que a raíz quadrada de 36 é 6, que 6x7 são 42 e até me lembro que a derivada x ao quadrado é 2x (primitivas é que já não :-p).

Tenho uma opinião muito própria acerca destas coisas e passa por achar que em tudo na vida é preciso um equílibrio e nos estudos isso é essencial. Não adianta passar uma vida a marrar, empinar e decorar textos, opiniões, fórmulas e formas de resolver problemas. Há que saber ginasticar a mente para conseguir perceber o porquê de um determinado texto ou opinião, para conseguir perceber como é que se chegou a uma determinada fórmula ou forma de resolver um problema. É que sem isto, quando confrontados com novos problemas ou necessidades não vão ser capazes de apresentar respostas.

Escrevo isto como alguém que cometeu muitas vezes o erro de não se preocupar e não se interessar por este ou aquele assunto nas aulas (desde sempre) e hoje ao olhar para trás arrepender-se muito.